NO REINO DA FELICIDADE! BUTÃO
NO REINO DA FELICIDADE! BUTÃO
Na descida, o avião passa muito perto das montanhas. Que são altas! Algumas chegam a ter 7 mil metros de altitude. A sensação é de estar no topo do mundo. Quase dá para tocar nos picos nevados do Himalaia. Não é exagero. E, de repente o avião mergulha na pista. O pouso é inesquecível, o voo é cênico e os pilotos do rei são craques.
DICA: Para aproveitar melhor o visual da janela do avião sente do lado esquerdo e espere o piloto anunciar o Everest. Espetacular!
Entrar no país não é fácil. Há bastante burocracia e a viagem é cara. O Butão abriu oficialmente suas portas aos visitantes somente em 1974, depois de viver por séculos em total isolamento. Para quem quiser se aventurar por aquelas bandas, para começo de conversa é preciso organizar um pacote por intermédio de um hotel ou agência de turismo local, que vai providenciar hospedagem, traçar seu roteiro, designar um guia exclusivamente seu, programar um carro com motorista para percorrer os trajetos previamente solicitados, planejar suas refeições, cobrar as taxas de permanência no país (que giram em torno de 100 dólares por dia por pessoa) e então o visto será liberado para a entrada. A intenção desse radicalismo é manter um turismo de qualidade e evitar transtornos causados pelas diferenças culturais.
Por ter vivido tanto tempo sem muito contato com o resto do mundo, o País do Dragão conseguiu preservar suas tradições e manter a harmonia entre a população de 700 mil habitantes. Eles são budistas, cultuam um guru Rinpoche conhecido como o Segundo Buda; são felizes; adeptos a poligamia; relacionamentos homossexuais são aceitos normalmente; usam desenhos fálicos pintados nas fachadas das casas para atrair prosperidade; vivem com pouco luxo em pequenas comunidades rurais que não valorizam a privacidade; vestem-se com lindos trajes típicos feitos em tecido produzido em tear manual, para as mulheres Kira e para os homens Gho; recebem o auxílio dos monges para nomear seus filhos, os monges também relatam aos pais uma espécie de “mapa astral” dos recém nascidos revelando segredos sobre o futuro das crianças e sobre suas vidas passadas; 50% dos adultos não sabe ler nem escrever; o esporte nacional é o arco e flecha; todas as casas recebem uma purificação anual dos monges; bens materiais não são valorizados; até bem pouco tempo eles não tinham moeda e trocavam mercadorias; a televisão só chegou por lá há 10 anos… E, as diferenças não param por aí.
É tudo muito peculiar. Mas, o que mais chama a atenção é que o rei Jigme Khesar Wangchuk que está desde 2008 no poder (jovem, bonito, recém-casado, amado por todos, bom fotógrafo e educado na Europa) coloca o bem-estar do povo acima de qualquer interesse econômico. Seu reino é simples e está entre as nações mais pobres do mundo, de acordo com a ONU. Seu salário mínimo gira em torno de US$ 100. No entanto, é regido com grande sensibilidade e ostenta uma sofisticada filosofia de desenvolvimento que coloca a felicidade do povo acima dos índices de seu PIB. O Ministério da Felicidade planeja a alegria de todos. A Felicidade Interna Bruta é avaliada pelo governo com o uso de critérios, como desenvolvimento econômico sustentável, preservação das tradições, conservação do meio ambiente, bom governo. Cada projeto implantado tem como base esses critérios. E assim, o Butão figura entre as dez nações mais felizes do mundo segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Leicester, no Reino Unido. O país tem índices baixíssimos de violência, não tem mendigos, fome zero e não tem registro de corrupção administrativa. Só nesse último quesito já estão anos luz à nossa frente.
O Butão foi o primeiro país do mundo a proibir qualquer tipo de fumo. Isso inclui cigarros comuns e maconha. Interessante notar que a maconha é plantada livremente para alimentar os animais, que ficam mais calmos, dormem mais e engordam melhor, mas ninguém se atreve a usa-la. As leis do país são bastante rígidas quanto a isso e todos respeitam. Usar qualquer tipo de droga é considerado crime inafiançavel e dá cadeia por três anos. Esse é um dos motivos da dificuldade para se entrar no país. O rei quer evitar problemas com jovens visitantes que podem ficar de olho nas plantações de maconha. Por isso, com um turismo caro, teoricamente, apenas pessoas mais velhas e maduras têm acesso ao Reino da Felicidade. Uma quantidade limitada de cigarros pode ser usada por estrangeiros que visitam o país, mas seu uso é muito restrito. Em lugares públicos, nem pensar.
A arquitetura é peculiar. As casas têm estrutura feita em madeira e barro. As estacas geralmente são esculpidas e encaixadas umas nas outras sem pregos. Os telhados são enfeitados com pinturas lindas feitas à mão. Uma mistura de arquitetura chinesa com tibetana.
ROTEIRO DE VIAGEM DE 7 DIAS: Thimphu – Gangtey – Punakha – Paro
Dia 5: Punakha. Exploração do vale. O dia em Punakha pode começar com uma bela caminhada a partir do Lodge Punakha ao longo do rio, terraças de arroz, pimenta e couve. Depois, você poderá conhecer Yuelley Khamsum Namgyal Chorten, um monumento construído recentemente. Após a caminhada você vai se dirigir de volta para o vale em direção Khuruthang, passando pelo palácio e várias casas de inverno da família real antes de atingir o impressionante Punakha Dzong. Esta antiga fortaleza é a residência de inverno do chefe da ordem monástica e ainda serve como sede administrativa para a região de Punakha. Um piquenique será servido às margens do rio Chu Punak, antes de visitar a aldeia de Lobesa onde uma curta caminhada termina na Chimi Lhakhang, o mosteiro da fertilidade construído em 1499. (Pernoite no Amankora Punakha)
Dia 7: Exploração de Paro. O dia começa com uma visita ao Museu Nacional, alojado no Dzong Ta. Aqui, uma coleção de artefatos fornece uma introdução à rica cultura e patrimônio do reino. Basta uma curta caminhada para chegar ao Paro Dzong, um belo exemplo da arquitetura histórica butanesa. Na parte da tarde, o caminho levará ao monumento mais reverenciado do Butão, o Goemba Taktshang, mais conhecido como “Ninho do Tigre”. A caminhada de quatro horas, oferece vistas espectaculares sobre este mosteiro sagrado no alto de uma falésia 900m acima do fundo do vale. (Pernoite no Amankora Paro)
Dia 8: Partida. Tansfer de manhã cedo do Hotel Amankora Paro para o aeroporto internacional de Paro.
Esse foi o roteiro que recebi duas semanas antes do embarque para o Butão. Os hotéis já estavam pré-agendados sem a possibilidade de mudança, mas o itinerário de cada dia podia ser programado de acordo com o meu interesse. O guia e o motorista foram impecáveis o tempo todo. Esta foi a melhor viagem de 2012! Uma das melhores que já fiz!
QUANDO IR
Os meses de agosto e setembro são os mais chuvosos e muitos voos chegam a ser cancelados, pois o aeroporto fica encravado no meio das montanhas, portanto não é o ideal. A melhor época vai de outubro a maio, sendo que de novembro a fevereiro pode nevar e as trilhas de trekking no Himalaia fecham. Então, bom mesmo é nos meses de novembro e fevereiro para quem prefere dias mais friozinhos ou de abril a maio para quem prefere dias mais quentes na entrada da primavera. Outubro é o mês dos festivais de dança e de máscaras. A temperatura no país costuma variar entre 0 e 30 graus, sendo que à noite a temperatura sempre cai bastante. Thimpu e Punakha tem temperaturas mais amenas do que Paro e Bumthang que chegam a atingir cinco graus negativos em janeiro.
As companhias aéreas do rei são o único modo de entrar no país, Druk Air ou Buthan Airlines. Há voos de Delhi e Calcutá (Índia), Katmandu (Nepal) e Bangkok (Tailândia) diretamente à Paro. À partir de Delhi o voo dura 1 hora e trinta minutos. É um voo rápido, mas chegue bem antes ao aeroporto, pois muitas vezes os voos são antecipados ou mesmo sofrem atraso em função da demanda real (o rei é prioridade sempre) e também devido ao clima (boa parte do voo é sobre a Cordilheira do Himalaia). Comprei os bilhetes diretamente pela internet www.drukair.com.bt. Se preferir ter menos trabalho, o hotel providencia as passagens aéreas e o preço é exatamente o mesmo. Aliás, o hotel resolve tudo.
INDICAÇÃO DE HOTEL
Nada melhor do que bons hotéis para um viagem exótica ficar ainda mais especial e não sair da memória. Indico a cadeia de hotéis Amankora. Eles providenciam tudo, absolutamente tudo. Foram impecáveis quanto ao serviço. Os hotéis são sempre muito bem localizados, quartos maravilhosos, super luxuosos mas em estilo rústico totalmente compatível com a alma butanesa, com massagens deliciosas e restaurantes excelentes. Foi por intermédio deles que programei minha estadia no país. Deu tudo certo. Aliás, foi perfeito! www.amanresorts.com – e-mail: amankora@amanresorts.com
VISTO
Brasileiros precisam de visto e passaporte com pelo menos seis meses de validade antes de chegar ao Butão. O próprio hotel providencia o visto depois da emissão do bilhete aéreo, do fechamento do itinerário e do envio de uma cópia dos documentos solicitados pela internet. Não deixe para fazer isso em cima da hora. Inicie o processo pelo menos um mês antes da viagem, pois há muita burocracia.
MOEDA LOCAL
Eles usam o Ngultrum. 100 BTN valem 1,82 dólares ou 3,71 reais
Nos hotéis, cartões de crédito são aceitos, mas no comércio (que é bem rudimentar) leve a moeda local. Os hotéis trocam dólares por Ngultrum e no aeroporto também há um pequeno estabelecimento para troca da moeda.
IDIOMA
Os butaneses falam uma série de dialetos, mas o idioma mais falado é o Dzongkha. Nos hotéis todos falam inglês. Os guias também falam e como não se pode andar em nenhum lugar sem guia e motorista, isso não é problema.
MAIS INFORMAÇÕES
Sites oficiais do Butão: www.bhutan.gov.bt e www.tourism.gov.bt
Guia Lonely Planet
Um dos inúmeros templos budistas do Butão.
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