Viagem

NO REINO DA FELICIDADE! BUTÃO


NO REINO DA FELICIDADE! BUTÃO

O Butão é um pequenino reino encravado aos pés do Himalaia e bastante fechado ao turismo. Ao norte, a gigantesca China e ao sul a superpopulosa Índia. É distante do Brasil. Poucas pessoas conhecem. Exótico. Feliz. De tradições peculiares e muito isolado. Para chegar lá só embarcando numa das companhias aéreas locais – Druk Air ou Bhuthan Airlines – pertencente ao rei – partindo de Bangkok (Tailândia),  Katmandu (Nepal), Nova Delhi ou Calcutá (Índia), rumo a Paro, onde está o único aeroporto internacional do país. Mas, Paro não é a capital. A capital é Thimphu, a uma bela altitude de 2329 metros.
Avião da Druk Air, no aeroporto de ParoA frota do rei é bem pequena, mas os aviões são excelentes.

Na descida, o avião passa muito perto das montanhas. Que são altas! Algumas chegam a ter 7 mil metros de altitude. A sensação é de estar no topo do mundo. Quase dá para tocar nos picos nevados do Himalaia. Não é exagero. E, de repente o avião mergulha na pista. O pouso é inesquecível, o voo é cênico e os pilotos do rei são craques.

DICA: Para aproveitar melhor o visual da janela do avião sente do lado esquerdo e espere o piloto anunciar o Everest. Espetacular!

Pico do Everest (o mais alto) – Cordilheira do Himalaia – visto pela janela do avião.

Entrar no país não é fácil. Há bastante burocracia e a viagem é cara. O Butão abriu oficialmente suas portas aos visitantes somente em 1974, depois de viver por séculos em total isolamento. Para quem quiser se aventurar por aquelas bandas, para começo de conversa é preciso organizar um pacote por intermédio de um hotel ou agência de turismo local, que vai providenciar hospedagem, traçar seu roteiro, designar um guia exclusivamente seu, programar um carro com motorista para percorrer os trajetos previamente solicitados, planejar suas refeições, cobrar as taxas de permanência no país (que giram em torno de 100 dólares por dia por pessoa) e então o visto será liberado para a entrada. A intenção desse radicalismo é manter um turismo de qualidade e evitar transtornos causados pelas diferenças culturais.

Meninas butanesas saindo da escola vestidas com o traje nacional, Kira.

Por ter vivido tanto tempo sem muito contato com o resto do mundo, o País do Dragão conseguiu preservar suas tradições e manter a harmonia entre a população de 700 mil habitantes. Eles são budistas, cultuam um guru Rinpoche conhecido como o Segundo Buda; são felizes; adeptos a poligamia; relacionamentos homossexuais são aceitos normalmente; usam desenhos fálicos pintados nas fachadas das casas para atrair prosperidade; vivem com pouco luxo em pequenas comunidades rurais que não valorizam a privacidade; vestem-se com lindos trajes típicos feitos em tecido produzido em tear manual, para as mulheres Kira e para os homens Gho; recebem o auxílio dos monges para nomear seus filhos, os monges também relatam aos pais uma espécie de “mapa astral” dos recém nascidos revelando segredos sobre o futuro das crianças e sobre suas vidas passadas; 50% dos adultos não sabe ler nem escrever; o esporte nacional é o arco e flecha; todas as casas recebem uma purificação anual dos monges; bens materiais não são valorizados; até bem pouco tempo eles não tinham moeda e trocavam mercadorias; a televisão só chegou por lá há 10 anos… E, as diferenças não param por aí.

Desenhos fálicos enfeitam as fachadas das casas em homenagem ao guru Drukpa Kuenley, deus da fertilidade. Simbolizam prosperidade e afastam espíritos maus. 

É tudo muito peculiar. Mas, o que mais chama a atenção é que o rei Jigme Khesar Wangchuk que está desde 2008 no poder (jovem, bonito, recém-casado, amado por todos, bom fotógrafo e educado na Europa) coloca o bem-estar do povo acima de qualquer interesse econômico. Seu reino é simples e está entre as nações mais pobres do mundo, de acordo com a ONU. Seu salário mínimo gira em torno de US$ 100. No entanto, é regido com grande sensibilidade e ostenta uma sofisticada filosofia de desenvolvimento que coloca a felicidade do povo acima dos índices de seu PIB. O Ministério da Felicidade planeja a alegria de todos. A Felicidade Interna Bruta é avaliada pelo governo com o uso de critérios, como desenvolvimento econômico sustentável, preservação das tradições, conservação do meio ambiente, bom governo. Cada projeto implantado tem como base esses critérios. E assim, o Butão figura entre as dez nações mais felizes do mundo segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Leicester, no Reino Unido. O país tem índices baixíssimos de violência, não tem mendigos, fome zero e não tem registro de corrupção administrativa. Só nesse último quesito já estão anos luz à nossa frente.

Pequenos monges estudam seus mantras com o mestre num mosteiro.

O Butão foi o primeiro país do mundo a proibir qualquer tipo de fumo. Isso inclui cigarros comuns e maconha. Interessante notar que a maconha é plantada livremente para alimentar os animais, que ficam mais calmos, dormem mais e engordam melhor, mas ninguém se atreve a usa-la. As leis do país são bastante rígidas quanto a isso e todos respeitam. Usar qualquer tipo de droga é considerado crime inafiançavel e dá cadeia por três anos. Esse é um dos motivos da dificuldade para se entrar no país. O rei quer evitar problemas com jovens visitantes que podem ficar de olho nas plantações de maconha. Por isso, com um turismo caro, teoricamente, apenas pessoas mais velhas e maduras têm acesso ao Reino da Felicidade. Uma quantidade limitada de cigarros pode ser usada por estrangeiros que visitam o país, mas seu uso é muito restrito. Em lugares públicos, nem pensar.

A maconha é alimento para os animais. Nasce por todo canto e ninguém ousa utilizar com outros fins.

A arquitetura é peculiar. As casas têm estrutura feita em madeira e barro. As estacas geralmente são esculpidas e encaixadas umas nas outras sem pregos. Os telhados são enfeitados com pinturas lindas feitas à mão. Uma mistura de arquitetura chinesa com tibetana.

As pinturas das casa e templos são encantadoras.
As cidades mais visitadas do Butão são ParoThimphuGangteyPunakha e Bumthang. Para definir meu roteiro, entrei em contato por e-mail com a cadeia de hotéis Amankora. Solicitei um roteiro para 8 dias excluindo Bumthang, pois o país é muito montanhoso e leva-se mais de 8 horas por estradas muito ruins para ir de Paro à Bumthang. Optei por Thimphu, Paro, Gangtey e Punakha. Eles providenciaram absolutamente tudo. Em algumas épocas do ano há voos de Paro até Bumthang, quando fui não havia voos. Recebi por e-mail o roteiro detalhado com tudo que seria feito em cada dia, conforme segue abaixo.

ROTEIRO DE VIAGEM DE 7 DIAS: Thimphu – Gangtey – Punakha – Paro
 
Dia 1: Chegada em Paro e transfer para Thimphu – hotel Amankora Thimphu
Dia 2: Conhecer Thimphu. Transfer para Gangtey – hotel Amankora Gangtey
Dia 3: Explorar o Vale Phobjika – hotel Gangtey
Dia 4: Transfer para Punakha – hotel Amankora Punakha
Dia 5: Explorar o Vale de Punakha – Amankora Punakha
Dia 6: Transfer para Paro – hotel Amankora Paro
Dia 7: Visitar Paro e o Ninho do Tigre – hotel Amankora Paro
Dia 8: Partida do Butão
 
Dia 1: Chegada no aeroporto internacional de Paro com a Druk Air e partida para Thimphu. A chegada e o sobrevoo do vale são inigualáveis. O avião passa muito perto dos picos do Himalaia. Mantenha sua câmera na mão para registrar tudo. Depois de descer do avião, os passageiros devem passar pela imigração para apresentar a carta de aprovação de visto e passaporte. Depois de pegar sua bagagem você encontrará seus guias pela primeira vez. Eles irão lhe acompanhar por toda a estadia no país. O trajeto para Thimphu é de aproximadamente 1 1/2 horas. Depois de se instalar você decidirá se quer conhecer o Memorial Nacional Chorten, Folk Heritage Museum, Biblioteca Nacional e se sobrar tempo poderá passear pela rua principal para ver artefatos do Himalaia ou têxteis. (Pernoite no Amankora Thimphu).
 
Dia 2: De Thimphu para Gangtey. O trajeto passa pelas altas montanhas de Dochula em direção ao Vale Phobjika. No caminho, a visita inclui uma parada num dos primeiros mosteiros do Butão, numa fortaleza do século 17 – Simtokha Dzong – e no mosteiro Goemba Hongtsho para ver as pinturas nas paredes do antigo mosteiro. A viagem continua sobre montanhas de 3050 metros de altutude. Num dia de céu limpo, os picos do Himalaia são claramente visíveis. A descida através do Vale Punakha é linda e você vai passar pela pitoresca aldeia de Wangdi. Continuando, a estrada segue pela rota cênica de Dang Chu, passa por florestas de bambu e carvalho, atravessa La Pele e o vale Phobjika. Na chegada, você terá tempo para visitar o impressionante templo Gangtey Goemba na cabeceira do vale, e talvez tenha tempo de fazer um passeio pela aldeia de Gangtey. (Pernoite no Amankora Gangtey)
 
Dia 3: Exploração do Vale Gangtey. A manhã começa com uma visita ao Black Neck Crane Center. Dependendo de como estiver o tempo, pode ser feito um passeio de bicicleta ou a pé pelas montanhas desse magnífico vale. Dois mosteiros podem ser visitados para melhor conhecer a religião budista e interagir com a vida dos monges. De volta ao hotel, massagens relaxantes para finalizar o dia. (Pernoite no Amankora Gangtey).
 
Dia 4: De Gangtey para Punakha. A viagem de volta para Punakha será breve e na chegada você vai ter tempo para almoçar no lodge. Na parte da tarde você vai explorar a vila e conhecer o templo Lhakhang. No final da tarde uma caminhada até um antigo mosteiro no alto do morro atrás da pousada pode ser organizada ou dado tempo para desfrutar da fazenda e spa do hotel. (Pernoite no Amankora Punakha)

Dia 5: Punakha. Exploração do vale. O dia em Punakha pode começar com uma bela caminhada a partir do Lodge Punakha ao longo do rio, terraças de arroz, pimenta e couve. Depois, você poderá conhecer Yuelley Khamsum Namgyal Chorten, um monumento construído recentemente. Após a caminhada você vai se dirigir de volta para o vale em direção Khuruthang, passando pelo palácio e várias casas de inverno da família real antes de atingir o impressionante Punakha Dzong. Esta antiga fortaleza é a residência de inverno do chefe da ordem monástica e ainda serve como sede administrativa para a região de Punakha. Um piquenique será servido às margens do rio Chu Punak, antes de visitar a aldeia de Lobesa onde uma curta caminhada termina na Chimi Lhakhang, o mosteiro da fertilidade construído em 1499. (Pernoite no Amankora Punakha)
 
Dia 6: De Punakha para Paro. Passaremos novamente pelo Dochu La antes de chegar na cidade de Paro. O hotel Amankora de Paro fica em frente a uma linda floresta de pinheiros. Na parte da tarde, há uma oportunidade para um passeio rápido para as ruínas, ou uma visita a alguns dos mais antigos  monumentos religiosos ou um passeio pela rua principal de Paro. As noites no Amankora podem incluir palestras informativas sobre a história, religião, flora e fauna da região ou um filme intrigante sobre o Himalaia. (Pernoite no Amankora Paro)

Dia 7: Exploração de Paro. O dia começa com uma visita ao Museu Nacional, alojado no Dzong Ta. Aqui, uma coleção de artefatos fornece uma introdução à rica cultura e patrimônio do reino. Basta uma curta caminhada para chegar ao Paro Dzong, um belo exemplo da arquitetura histórica butanesa. Na parte da tarde, o caminho levará ao monumento mais reverenciado do Butão, o Goemba Taktshang, mais conhecido como “Ninho do Tigre”. A caminhada de quatro horas, oferece vistas espectaculares sobre este mosteiro sagrado no alto de uma falésia 900m acima do fundo do vale. (Pernoite no Amankora Paro)

Dia 8: Partida. Tansfer de manhã cedo do Hotel Amankora Paro para o aeroporto internacional de Paro.


Mapa do Butão.


Esse foi o roteiro que recebi duas semanas antes do embarque para o Butão. Os hotéis já estavam pré-agendados sem a possibilidade de mudança, mas o itinerário de cada dia podia ser programado de acordo com o meu interesse. O guia e o motorista foram impecáveis o tempo todo. Esta foi a melhor viagem de 2012! Uma das melhores que já fiz!


QUANDO IR

Os meses de agosto e setembro são os mais chuvosos e muitos voos chegam a ser cancelados, pois o aeroporto fica encravado no meio das montanhas, portanto não é o ideal. A melhor época vai de outubro a maio, sendo que de novembro a fevereiro pode nevar e as trilhas de trekking no Himalaia fecham. Então, bom mesmo é nos meses de novembro e fevereiro para quem prefere dias mais friozinhos  ou de abril a maio para quem prefere dias mais quentes na entrada da primavera. Outubro é o mês dos festivais de dança e de máscaras. A temperatura no país costuma variar entre 0 e 30 graus, sendo que à noite a temperatura sempre cai bastante. Thimpu e Punakha tem temperaturas mais amenas do que Paro e Bumthang que chegam a atingir cinco graus negativos em janeiro.


COMO CHEGAR NO BUTÃO

As companhias aéreas do rei são o único modo de entrar no país, Druk Air ou Buthan Airlines. Há voos de Delhi e Calcutá (Índia), Katmandu (Nepal) e Bangkok (Tailândia) diretamente à Paro. À partir de Delhi o voo dura 1 hora e trinta minutos. É um voo rápido, mas chegue bem antes ao aeroporto, pois muitas vezes os voos são antecipados ou mesmo sofrem atraso em função da demanda real (o rei é prioridade sempre) e também devido ao clima (boa parte do voo é sobre a Cordilheira do Himalaia). Comprei os bilhetes diretamente pela internet www.drukair.com.bt. Se preferir ter menos trabalho, o hotel providencia as passagens aéreas e o preço é exatamente o mesmo. Aliás, o hotel resolve tudo.


INDICAÇÃO DE HOTEL


Nada melhor do que bons hotéis para um viagem exótica ficar ainda mais especial e não sair da memória. Indico a cadeia de hotéis Amankora. Eles providenciam tudo, absolutamente tudo. Foram impecáveis quanto ao serviço. Os hotéis são sempre muito bem localizados, quartos maravilhosos, super luxuosos mas em estilo rústico totalmente compatível com a alma butanesa, com massagens deliciosas e restaurantes excelentes. Foi por intermédio deles que programei minha estadia no país. Deu tudo certo. Aliás, foi perfeito! www.amanresorts.com – e-mail: amankora@amanresorts.com

VISTO

Brasileiros precisam de visto e passaporte com pelo menos seis meses de validade antes de chegar ao Butão. O próprio hotel providencia o visto depois da emissão do bilhete aéreo, do fechamento do itinerário e do envio de uma cópia dos documentos solicitados pela internet. Não deixe para fazer isso em cima da hora. Inicie o processo pelo menos um mês antes da viagem, pois há muita burocracia.

MOEDA LOCAL

Eles usam o Ngultrum. 100 BTN valem 1,82 dólares ou 3,71 reais
Nos hotéis, cartões de crédito são aceitos, mas no comércio (que é bem rudimentar) leve a moeda local. Os hotéis trocam dólares por Ngultrum e no aeroporto também há um pequeno estabelecimento para troca da moeda.

IDIOMA

Os butaneses falam uma série de dialetos, mas o idioma mais falado é o Dzongkha. Nos hotéis todos falam inglês. Os guias também falam e como não se pode andar em nenhum lugar sem guia e motorista, isso não é problema.

MAIS INFORMAÇÕES

Sites oficiais do Butão: www.bhutan.gov.bt e www.tourism.gov.bt
Guia Lonely Planet

Um dos inúmeros templos budistas do Butão.

Visitar o Butão remete imediatamente à Shangri-la, de James Hilton. Ele descreve o Horizonte Perdido como um lugar paradisíaco entre as montanhas do Himalaia, onde o tempo parou e a felicidade domina a vida harmoniosa do povo. É a promessa de um mundo feliz, em paz e possível. Seria o Butão a fonte de inspiração para o romance? Mais parecido impossível!

Acompanhe os próximos posts sobre esse reino distante e encantado. Você vai adorar!

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